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Sintese da matéria da Revista Gestalt


Em janeiro de 2016 a Professora do IGTB Sheila Antony deu uma entrevista para Revista Britânica de Gestalt, British Gestalt Journal (BGJ) falando sobre o histórico da Gestalt-Terapia no Brasil e o trabalho desenvolvido por ela em Brasília. Leia o resumo da matéria abaixo:

A HISTÓRIA DA GESTALT NO BRASIL

O início do movimento gestáltico no Brasil se dá em 1972, com Thérèse Thellegen, de origem holandesa, que vai a Londres em busca de maior conhecimento para o trabalho com grupos, e volta entusiasmada com o workshop que fez lá, na abordagem gestáltica. Junto com Jean Clark Juliano mobilizaram-se, buscando pessoas representativas da Gestalt americana para contribuir com a própria formação. Em 1973,Therese traz Silvia Peters para um workshop de 12 horas. Em 1976, com um grupo amigo de profissionais, entre os quais Walter Ferreira da Rosa Ribeiro, Paulo Barros,Abel Guedes, Lilian Frazão, conseguiram trazer um Gestalt-Terapeuta dos Estados Unidos, Robert Martin, do Instituto de Gestalt de Los Angeles para dois pequenos workshops em São Paulo. Relatam com entusiasmo que o que viram no trabalho de Robert Martin foi a imagem da liberdade, da permissão para ser criativo, onde o terapeuta entrava por inteiro, utilizando voz, expressão corporal, materiais variados como tinta, argila, papel, música, enfim tudo o que lhe fornecesse uma porta de entrada para o mundo interno da pessoa. O terapeuta era seu próprio instrumento segundo a expressão dos Polsters e de Zinker.

Em 1981, Thérèse Tellegen, Lilian Frazão, Abel Guedes e Jean Clark Juliano fundaram o Centro de Estudos de Gestalt de São Paulo. Simultaneamente, Walter Ribeiro, que participava desse grupo em São Paulo, inicia em Brasília, em 1977, um pequeno grupo de 3 pessoas para veicular a Gestalt. Esse grupo em 1978 se amplia e então é criado o primeiro grupo de formação, no qual é auxiliado por Maureen Miller, terapeuta gestáltica de origem rogeriana, residente em San Diego, Califórnia. Em 1996, Jorge Ponciano Ribeiro funda o Instituto de Gestalt Terapia de Brasília (IGTB) com nove psicólogos, dentre os quais eu, tendo por missão a difusão da abordagem gestáltica por meio de cursos de formação a psicólogos.

Em 1972, Vera Felicidade de Almeida Campos escreveu o primeiro livro em Gestalt: Psicoterapia gestaltista – conceituações (embora não tenha integrado nenhum grupo de Gestalt). Em 1984, Thérèse Tellegen publica Gestalt e Grupos: uma perspectiva sistêmica, o primeiro livro brasileiro de Gestalt. Em 1985, Jorge Ponciano Ribeiro publica o Gestalt-Terapia: Refazendo um caminho, sendo o primeiro livro brasileiro a abordar a epistemologia da Gestalt, seu campo teórico e filosófico. Esse autor tem 9 livros publicados, no Brasil, em Gestalt Terapia. Somente em 1997, o livro Gestalt-Terapia, de Perls, Hefferline e Goodman foi traduzido em português, tendo como revisor técnico Walter Rosa Ribeiro, de Brasília, do CEGEST, embora outros livros americanos de Gestalt Terapia já tivessem sido traduzidos anteriormente, como: Tornar-se Presente, de John Stevens; A abordagem gestáltica e Testemunha ocular da terapia, Escarafunchando Fritz: dentro e fora da lata de lixo, Ego Fome e Agressão, de Frederick Perls; Processo criativo em Gestalt terapia, de Joseph aplicações, Joen Fagan e Irma Lee Shepherd.

A PSICOTERAPIA COM CRIANÇAS

Na área da terapia infantil, temos Myrian Bove Fernandes como a pioneira, seguida de Rosana Zanella, ambas de São Paulo, e fortes representantes da Gestalt brasileira. Demorou-se a sedimentar a prática com crianças, tendo o movimento florescido com a vinda de Violet Oaklander a São Paulo, no ano de 1995. São poucas as publicações de livros na clínica infantil, sendo o primeiro livro escrito por Luciana Aguiar Gestalt-terapia com crianças: teoria e prática, em 2005. Em seguida, foi publicado A clínica gestáltica com crianças: caminhos de crescimento, em 2010, do qual eu fui a organizadora. E por fim, o livro Cuidando de crianças: teoria e arte em Gestalt-Terapia, do qual sou autora, em 2012, na versão português, e em inglês, foi publicado em 2014, com o título Taking care of children: theory and art in Gestalt Therapy.

Eu trabalhei por 23 anos no Centro de Orientação Médico Psicopedagógica (COMPP), unidade de saúde mental da Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), lugar onde construí todo meu conhecimento sobre crianças e adolescentes e suas diversas patologias. Lá realizei avaliação psicológica, psicoterapia de grupo, psicoterapia individual, orientação e apoio aos pais. Fui coordenadora do setor de Psicologia e coordenadora da Equipe do Projeto de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Em 2006, fui a Santa Barbara-California participar de um curso intensivo de verão sobre crianças e adolescentes com Violet Oaklander. A partir desse curso, em 2007, ministrei o 1º Curso de Gestalt-Terapia com crianças: teoria e arte, com carga horária de 60hs. E nesse ano de 2016, já formei a 9ª. turma.

Atualmente, além de dar aulas no IGTB, eu conduzo um workshop vivencial anual, de 12 horas, sobre a criança interior do adulto intitulado “Cuidando e amando a criança que existe em nós”. Trabalho em consultório particular, onde ofereço supervisão individual e em grupo sobre crianças, adolescentes e adultos. No exercício da minha prática clínica, eu utilizo como técnicas de facilitação de expressão e projetivas os fantoches, caixa de areia, argila, contação de estórias, máscaras, figuras mitológicas e metafóricas, desenho, bonecos Playmobil.

Sheila Antony

31 de janeiro de 2016

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