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A história do IGTB por Dr. Jorge Ponciano Ribeiro


Conheça um pouco da história do IGTB contada pelo Dr. Jorge Ponciano Ribeiro, seu fundador e presidente.

Eu vinha de uma longa história com a psicanálise. Meu Mestrado e Doutorado foram sobre a obra de uma fantástica pessoa chamada Siegmund Heinrich Foulkes que, certa vez, em uma de minhas visitas a ele, em Londres, me presenteou com os originais datilografados e com correções feitas à mão de seu último livro. Disse-me apenas isso: – “Olha, não publique nada deste livro, sem antes me consultar, porque posso já ter mudado de idéia”. Comecei meu treinamento em psicanálise, em Roma com Paolo Perotti e terminei, em Belo Horizonte, com outro fantástico psicanalista, Ruí Flores. Depois disso, já na Universidade de Brasília (UnB), juntamente com Richard Bucher e Júlia Bucher, iniciamos uma outra abordagem, nos idos de 1976, a Psicanálise, absolutamente desconhecida, naqueles tempos, da academia, no nosso então Departamento de Psicologia.

Os anos passavam e eu nunca me tinha sentido confortável no meu papel de psicanalista, clínico e professor.

Um dia, através de um colega do Departamento de Psicologia, Walter Ribeiro, conheci a Gestalt-Terapia e me apaixonei pela abordagem gestáltica, tendo feito parte do primeiro grupo formal de treinamento e formação em Gestalt-Terapia que, sob a orientação de Maureen O`hara Miller, norte americana, que vinha, regularmente, ao Brasil para ministrar workshop de treinamento e formação, e de Walter Ribeiro, aqui em Brasília, terminamos, em Boissuganga, SP, nosso primeiro treinamento formal, em 1981. Ali, nós éramos 15 pessoas, embora, de certo modo, mais algumas pessoas pertencessem a este grupo inicial, como Lika Queiroz da Bahía. No início da década de 70, entretanto, algumas pessoas, interessadas pela Gestalt, começaram a ensinar Gestalt-Terapia.

O primeiro grupo de gestaltista de Brasília era de 11 pessoas, e completou seu treinamento em 1983. Este grupo se dedicou, durante muitos anos, a dar formação e treinamento em Gestalt-Terapia, mas faltava uma unidade de pensamento que pudesse representar a Gestalt-Terapia, muito mal entendida e compreendida, nos seus primórdios, no Brasil, por seu caráter centrado no aqui e agora. Faltava, na comunidade acadêmica, alguém que a apresentasse como uma teoria séria e epistemologicamente embasada. Eu continuava lecionando na UnB. Publiquei meu primeiro livro em Gestalt “Gestalt Terapia. Refazendo um Caminho”, em 1985.

Foi então que convidei todos os gestaltistas para os quais eu tinha dado formação individual e grupal para fundarmos um Instituto que fosse, de fato, representativo da cultura, da prática, da teoria e do saber gestálticos. E, realizando nosso sonho, no dia 28 de junho de 1996, fundamos o Instituto de Gestalt-Terapia de Brasília, DF, com a presença de trinta e seis pessoas como membros fundadores, no endereço SCLN 316, bl. F, salas 217 a 219. Foi um dia de muita alegria e, sobretudo, de muita esperança de que pudéssemos nos transformar num centro de saberes de alta qualidade. Como tudo na vida, também, o Instituto teve seus momentos altos e baixos, embora com pessoas maravilhosas, mas que não podiam se envolver, de fato, com um Instituo operante, vivo, sério, de qualidade. Silenciosamente, alguns se afastaram, embora amorosamente unidos aos que queriam levar para frente a idéia do Instituto e torcendo para que a esperança fosse sempre nossa viva força e nossa força viva. Dos fundadores, ficamos Maria Maura, Nayla Reis, Sheila Antony, Miriam Philippi, Mônica Alvim, Célia Moraes, Adriano Holanda e Carlene Tenório que chegou um tempo depois, como professores titulares, trocando de cargo a cada eleição, embora nosso quadro fosse sempre completado com todos os que estão conosco na caminhada, embora não atuantes. Minha preocupação era qualificar nosso corpo docente para que nosso Instituto tivesse visibilidade e respeitabilidade acadêmica e profissional.

Assim, exceto Maura e Nayla, nossos excelentes especialistas, todos voltaram para a UnB para o mestrado e doutorado. Todos fizeram Mestrado comigo, sendo que Célia, Carlene e Mônica foram além, fazendo o doutorado comigo e Adriano fez o doutorado na PUC de Campinas. Assim, nosso corpo docente, hoje, conta com cinco doutores permanentes e residentes em Brasília, três especialistas, dois mestres e dois doutores professores visitantes, Dr.Rodolfo Petrelli da UCG de Goiânia, Dr. Marcelo Tavares da UnB.

Atrás desta história de sucesso acadêmico de nosso corpo docente, vivemos momentos de muito sacrifício, doação, trabalho árduo. Estamos hoje no nosso décimo segundo grupo de formação que chamamos de G1 a G12, e já tivemos mais de 200 alunos.

Embora a sede do Instituto pudesse oferecer o básico para o andamento do curso, procuramos lugares mais confortáveis onde pudéssemos dar nossas aulas, como a ASBAC (Centro de Treinamento do Banco Central) onde realizávamos nossos primeiros workshops de treinamento e formação. Essa situação de termos de sair de casa e procurar um lugar em que os cursos acontecessem, durou 4 anos. Para que os primeiros treinamentos pudessem acontecer e para que o Instituto pudesse economizar e, posteriormente, ter sua sede, durante 5 anos, nossos professores trabalharam de graça, nada recebendo pelo seu trabalho quer administrativo quer de ensino. Não fora esta abnegação, o Instituto não teria sido possível. Foi um período difícil, de luta, de entrega a um ideal e hoje largamente compensado pelos frutos que o Instituto está colhendo. A partir de 2000, o Instituto tem sua sede, ocupando um andar completo de um prédio, com salas de aula, consultórios, biblioteca, que oferece aos nossos alunos conforto, qualidade e um ambiente tranqüilo para a pesquisa, ensino e atendimento profissional.

O Instituto conta também com o que chamamos de “Campus avançado” que é a Fazenda Capão do Negro, na Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso de Goiás, um lugar tranqüilo, de rara beleza e adaptado para receber grupos de terapeutas, nos finais de semana e que o Presidente do Instituto coloca totalmente à disposição do Instituto para trabalhos de cunho vivencial.

No desejo de socializar mais nosso trabalho clínico, o Instituto se transformou em uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) de tal modo que através de projetos terceirizados ao governo, o Instituto pretende oferecer sua mão de obra especializada (professores e alunos) na elaboração e execução de trabalhos de cunho social, tendo em troca a vantagem de que alunos e professores possam ser remunerados pelo governo, sem que o Instituto perca sua característica de entidade filantrópica sem fins lucrativos.

Nosso pessoal administrativo é composto por quatro coordenadores, membros efetivos da diretoria; de um administrador com curso superior em administração, com uma secretária e com uma auxiliar de serviços.

Nosso Instituto, está se preparando para iniciar o décimo terceiro e décimo quarto grupo. O Instituto saiu do papel, se tornou uma realidade. Somos um grupo com reuniões semanais de diretoria, mensais de todo o corpo docente mais o administrador, com aulas abertas ao público nas 4a quartas-feiras, à noite, com reuniões da Diretoria na fazenda Capão do Negro para uma nutrição coletiva e amorosa e auto-avaliação.

Fizemos uma longa caminhada que envolveu abnegação, sacrifício, crença de que nossa abordagem vale a pena neste mundo globalizado. Pensamos muito nos nossos alunos, mas, antes deles, estamos atentos a que se preparem para serem profissionais competentes e engajados na sociedade onde vivem. Agradecemos aos nossos funcionários, aos alunos, aos nossos clientes a oportunidade de estarmos tentando criar um espaço em que a Abordagem Gestáltica resplandeça pela seriedade, pela competência, pela atualização de suas teorias e filosofias de base, através de um grupo de docentes, os quais, apesar de suas diferenças, se sentem unidos do ideal da Abordagem Gestáltica: um mundo melhor.

Jorge Ponciano Ribeiro Presidente


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