De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a pessoa saudável é aquela que vivencia,na maior parte do tempo, uma sensação de bem estar físico e mental, nos principais contextos de sua vida, ou seja, em suas relações familiares, sociais e profissionais. Muitas vezes, é no ambiente de trabalho que a pessoa passa a maior parte do seu tempo e é do seu trabalho que depende o sustento, a saúde, o lazer, a segurança e o crescimento seu e de sua família. Desse modo, o trabalho profissional assume um papel essencial na vida de uma pessoa adulta, pois é através dele que são garantidas a sobrevivência e a qualidade de vida da própria pessoa e de seus familiares. Sendo assim, perder o emprego ou não se sentir bem em seu próprio ambiente de trabalho, pode gerar sintomas de estresse, ansiedade e depressão.
Para a Gestalt-Terapia, a saúde mental depende da qualidade das relações que a pessoa estabelece com os outros no seu campo social, profissional e familiar. Nessa abordagem, acredita-se que todo ser humano se desenvolve e funciona de modo saudável, na medida em que consegue se sentir aceito, valorizado e respeitado em sua própria singularidade, isto é, com suas reais potencialidades e limitações. É nesse clima de aceitação e respeito que as habilidades e competências do indivíduo emergem naturalmente, garantindo, assim, o bom desempenho de suas tarefas e ao desempenhar bem suas tarefas, ele se sente autorrealizado, sua autoestima e autoconfiança se elevam, fazendo com que ele se sinta cada vez mais competente e motivado para dar o melhor de si em suas atividades, seja no ambiente doméstico ou profissional.
Quando o individuo adulto vivencia, com muita frequência, situações de impasse existencial, em qualquer um de seus contextos relacionais, especialmente no contexto profissional, seu equilíbrio emocional é perturbado, fazendo com que ele desenvolva algum tipo de transtorno mental. Para a Gestalt-Terapia, o impasse existencial acontece quando o indivíduo se vê em uma situação que é, ao mesmo tempo, intolerável e inevitável. Geralmente, nesse tipo de situação, o indivíduo vivencia a experiência de ser pressionado, cobrado, desrespeitado, humilhado, desamparado, rejeitado, oprimido, assediado, violentado ou abusado, por uma pessoa vista por ele como uma autoridade inquestionável, ou como uma fonte de apoio indispensável à sua sobrevivência emocional ou financeira. Nestas circunstâncias, ele se torna refém da relação com essa pessoa, sem ter a menor condição de sair desse relacionamento, nem tão pouco de transformá-la. É nessa relação dominador-dominado, que se desenvolvem todas as formas de psicopatologia e quando essa relação é vivida de forma mais intensa no campo profissional, surgem as chamadas doenças ocupacionais.
As doenças ocupacionais trazem grandes prejuízos para a empresa, pois geram alto custo com indenizações, despesas médicas e demandas judiciais. Se há muitas queixas feitas pelos colaboradores (funcionários), é necessário verificar os problemas que podem estar por trás delas. Pode ser excesso de trabalho, muita pressão para o alcance dos resultados, extrema burocracia, autoritarismo, relações que geram medo, tensão, desconfiança, angústia, insegurança, etc.
O Estresse Ocupacional, a Síndrome de Burnout e a Síndrome de Fadiga são doenças ocupacionais bastante estudadas pelos psicólogos organizacionais. O estresse ocupacional é percebido quando os colaboradores passam a manifestar incapacidade para realizar as tarefas rotineiras que lhe são solicitadas e quando não são alcançados os resultados esperados. A Síndrome de Burnout também pode ser chamada de Síndrome da Desistência, pois é detectada pelo esgotamento profissional e está ligada à grande tensão emocional vivenciada no trabalho, fazendo com que a pessoa desista de seu emprego e das relações de amizade que este lhe proporciona. A Síndrome de Fadiga se manifesta nos colaboradores através da sensação de cansaço ou exaustão após pequenos esforços. Ansiedade, queda da produtividade, absenteísmo, depressão leve, baixa energia, sensação de peso nos ombros, dificuldade em tomar decisões, diminuição da memória, falta de esperança, são alguns sintomas da Síndrome de Fadiga.
A Gestalt-Terapia é uma abordagem humanista-fenomenológica-existencial que propõe uma relação terapêutica de pessoa a pessoa, com possibilidades de intervenção baseadas em técnicas ativas, proporcionando ao cliente: 1) a ampliação de consciência dele mesmo em suas relações interpessoais; 2) o fortalecimento do “eu”; 3) o desenvolvimento do autoapoio; 4) a ressignificação de experiências; 5) a capacidade para fazer ajustamentos criativos; 5) a autonomia para fazer escolhas e tomar decisões conforme suas necessidades e potencialidades organísmicas, no sentido de transformar criativamente as circunstâncias limitantes e constrangedoras vividas em seu ambiente de trabalho, através do desenvolvimento de relações mais saudáveis e atitudes mais assertivas, do resgate de sua autoestima e autoconfiança, recuperando, assim, a motivação, o prazer, a satisfação e a realização pessoal no desempenho de suas atividades profissionais.
(por: Carlene Maria Dias Tenório)
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